Dentro do Hollywood Studios, na Disney, existe uma atração chamada American Idol Experience no qual podemos nos inscrever para os testes e seleção da próxima edição do programa American Idol. Qualquer pessoa pode fazer a audição, mas apenas três candidatos são selecionados para o show final. O escolhido pelo público ganha um passaporte para se apresentar diretamente aos jurados do programa da TV em Hollywood.
Sou fonoaudióloga, especialista em voz e cantora popular. No passado, entrei no Programa FAMA da Rede Globo como uma das selecionadas, mas como tinha sido aprovada no concorrido concurso para a vaga de Bolsista-Assistente no CEV, minha opção foi investir em formação acadêmica fonoaudiológica e científica.
Ano passado estive nos Estados Unidos e resolvi passar pela experiência. A primeira audição foi realizada em uma sala com uma professora de canto. Escolhi a música Wave de Tom Jobim para cantar a cappella, parte em português e outra parte em inglês para que soubessem que poderia cantar neste idioma caso fosse aprovada. O avaliador elogiou a apresentação e disse que meu timbre lembrava a voz da Kelly Clarkson (vencedora da 1ª edição do American Idol) acrescida de "gingado brasileiro", observação que recebi como um elogio. Após aprovação para a segunda fase, recebi a informação que estrangeiros geralmente não participam desta atração, além de não poder concorrer ao prêmio pela necessidade da cidadania americana (há aspectos trabalhistas envolvidos) e perguntou se ainda assim gostaria de fazer a segunda audição.
Obviamente, eu quis! Na segunda fase, já com aquele famoso crachá com meu número de inscrição, escolhi duas músicas de uma lista fornecida pelos organizadores e ensaiei por 20 minutos usando um iPod com playback fornecido pela produção. Nas salas dos ensaios o clima era mais tenso que na Torre do Terror, com grande competição e talento de sobra. Vários americanos olhavam como se eu fosse a primeira brasileira nos EUA, tirando o lugar de alguém. Depois do ensaio, fomos à sala do produtor para um teste de vídeo e apresentação com o playback. Minha adrenalina estava mais alta porque o avaliador havia insistido para que eu cantasse Breakaway, sucesso na voz da Kelly Clarkson e, apesar de saber a melodia, estava familiarizada coma letra há apenas 20 minutos. Cantei e fui aprovada para o grande show. Nessa hora foi uma festa! Vieram câmeras de todos os lados e pessoas que eu não sei de onde saíram começaram a bater palmas e gritar Congratulations! You did it!
Após aprovação, fizeram maquiagem e cabelo; passei por um vocal coach - que sabendo que eu era fonoaudióloga, fez mais perguntas sobre voz do que realmente me orientou - e segui para o palco com meus dois adversários. Passamos por testes de luz, som, uma aula de palco sobre movimentação e condutas durante o show e dois ensaios gerais. Uma infraestrutura fantástica e absolutamente profissional.
O show teve duração de 40 minutos entre musicas, vídeos e comentários dos jurados. Depois que nós três cantamos, o público começou a votar e divulgaram o vencedor exatamente como no programa oficial.
Como já era esperado, não ganhei o prêmio, mas tive um dos dias mais espetaculares da minha vida. Não era minha primeira vez como caloura, tampouco no palco, mas a sensação foi a mesma de quando tinha 12 anos e me apresentei pela primeira vez para um publico que não era composto exclusivamente pela minha família. Ser calouro, fazer testes, audições é uma tarefa bastante complicada para quem é avaliado. Temos no máximo 5 minutos para mostrar qual o nosso diferencial em relação aos outros concorrentes. A maioria é inexperiente, o que torna árdua a tarefa de fazer com que a técnica se sobressaia ao nervosismo, ansiedade e tensão. É ainda mais difícil fazer com que isso não seja ouvido em nossa voz, mas acredito que seja justamente essa suscetibilidade humana que torne a voz um tema tão incrível, apaixonante e infinito.
Participei novamente da atração neste ano antes de ir para The Voice Foundation, o mais prestigiado simpósio na área de voz, apresentar um trabalho sobre Presença de Dores Corporais em Profissionais da Voz. Felizmente, fui aprovada pela segunda vez para o show! O mais interessante de tudo é que no simpósio da The Voice Foundation, a sensação antes da apresentação foi a mesma: calafrio, nervoso, ansiedade e da mesma forma como no palco, terminada a apresentação, o nervoso dá espaço a uma sensação imensa de satisfação pessoal que nos deixa radiantes e desperta uma vontade inexplicável de passar por tudo aquilo novamente só pra sentir tudo isso outra vez. Desafiar-se é essencial e eu pretendo seguir assim, ampliando os meus limites e dando o melhor de mim!
Thays Vaiano
Fonoaudióloga e Cantora
Especialista em Voz pelo Centro de Estudos da Voz
Pesquisadora associada ao CEV
Fonoaudióloga e Cantora
Especialista em Voz pelo Centro de Estudos da Voz
Pesquisadora associada ao CEV
Fonte: BOLETIM DO CEV
CEV NEWS - ANO 2:17, 2011
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