segunda-feira, 4 de julho de 2011

American Idol - Fonoaudióloga brasileira participa como candidata de um dos maiores concursos de música internacional


Dentro do Hollywood Studios, na Disney, existe uma atração chamada American Idol Experience no qual podemos nos inscrever para os testes e seleção da próxima edição do programa American Idol. Qualquer pessoa pode fazer a audição, mas apenas três candidatos são selecionados para o show final. O escolhido pelo público ganha um passaporte para se apresentar diretamente aos jurados do programa da TV em Hollywood.
Sou fonoaudióloga, especialista em voz e cantora popular. No passado, entrei no Programa FAMA da Rede Globo como uma das selecionadas, mas como tinha sido aprovada no concorrido concurso para a vaga de Bolsista-Assistente no CEV, minha opção foi investir em formação acadêmica fonoaudiológica e científica.
Ano passado estive nos Estados Unidos e resolvi passar pela experiência. A primeira audição foi realizada em uma sala com uma professora de canto. Escolhi a música Wave de Tom Jobim para cantar a cappella, parte em português e outra parte em inglês para que soubessem que poderia cantar neste idioma caso fosse aprovada. O avaliador elogiou a apresentação e disse que meu timbre lembrava a voz da Kelly Clarkson (vencedora da 1ª edição do American Idol) acrescida de "gingado brasileiro", observação que recebi como um elogio. Após aprovação para a segunda fase, recebi a informação que estrangeiros geralmente não participam desta atração, além de não poder concorrer ao prêmio pela necessidade da cidadania americana (há aspectos trabalhistas envolvidos) e perguntou se ainda assim gostaria de fazer a segunda audição.
Obviamente, eu quis! Na segunda fase, já com aquele famoso crachá com meu número de inscrição, escolhi duas músicas de uma lista fornecida pelos organizadores e ensaiei por 20 minutos usando um iPod com playback fornecido pela produção. Nas salas dos ensaios o clima era mais tenso que na Torre do Terror, com grande competição e talento de sobra. Vários americanos olhavam como se eu fosse a primeira brasileira nos EUA, tirando o lugar de alguém. Depois do ensaio, fomos à sala do produtor para um teste de vídeo e apresentação com o playback. Minha adrenalina estava mais alta porque o avaliador havia insistido para que eu cantasse Breakaway, sucesso na voz da Kelly Clarkson e, apesar de saber a melodia, estava familiarizada coma letra há apenas 20 minutos. Cantei e fui aprovada para o grande show. Nessa hora foi uma festa! Vieram câmeras de todos os lados e pessoas que eu não sei de onde saíram começaram a bater palmas e gritar Congratulations! You did it!
Após aprovação, fizeram maquiagem e cabelo; passei por um vocal coach - que sabendo que eu era fonoaudióloga, fez mais perguntas sobre voz do que realmente me orientou - e segui para o palco com meus dois adversários. Passamos por testes de luz, som, uma aula de palco sobre movimentação e condutas durante o show e dois ensaios gerais. Uma infraestrutura fantástica e absolutamente profissional.
O show teve duração de 40 minutos entre musicas, vídeos e comentários dos jurados. Depois que nós três cantamos, o público começou a votar e divulgaram o vencedor exatamente como no programa oficial.
Como já era esperado, não ganhei o prêmio, mas tive um dos dias mais espetaculares da minha vida. Não era minha primeira vez como caloura, tampouco no palco, mas a sensação foi a mesma de quando tinha 12 anos e me apresentei pela primeira vez para um publico que não era composto exclusivamente pela minha família. Ser calouro, fazer testes, audições é uma tarefa bastante complicada para quem é avaliado. Temos no máximo 5 minutos para mostrar qual o nosso diferencial em relação aos outros concorrentes. A maioria é inexperiente, o que torna árdua a tarefa de fazer com que a técnica se sobressaia ao nervosismo, ansiedade e tensão. É ainda mais difícil fazer com que isso não seja ouvido em nossa voz, mas acredito que seja justamente essa suscetibilidade humana que torne a voz um tema tão incrível, apaixonante e infinito.
Participei novamente da atração neste ano antes de ir para The Voice Foundation, o mais prestigiado simpósio na área de voz, apresentar um trabalho sobre Presença de Dores Corporais em Profissionais da Voz. Felizmente, fui aprovada pela segunda vez para o show! O mais interessante de tudo é que no simpósio da The Voice Foundation, a sensação antes da apresentação foi a mesma: calafrio, nervoso, ansiedade e da mesma forma como no palco, terminada a apresentação, o nervoso dá espaço a uma sensação imensa de satisfação pessoal que nos deixa radiantes e desperta uma vontade inexplicável de passar por tudo aquilo novamente só pra sentir tudo isso outra vez. Desafiar-se é essencial e eu pretendo seguir assim, ampliando os meus limites e dando o melhor de mim!

Thays Vaiano
Fonoaudióloga e Cantora
Especialista em Voz pelo Centro de Estudos da Voz
Pesquisadora associada ao CEV

Fonte: BOLETIM DO CEV

CEV NEWS - ANO 2:17, 2011








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